01 abril 2011

Lunáticos

 

       Os seres humanos atuais a muito se distanciaram da natureza. Quando muito ela se transforma em mais uma atividade antrópica, como ponto turístico ou uma reserva de preservação que passa a ser inacessível para a maioria das pessoas. O ser humano deixou de ser um animal. Virou extraterrestre.



      Apesar disso tudo, ainda temos instintos e desejos não modernizados. De alguma forma alguns acontecimentos naturais nos fascinam. Nos transformam. Nos reduzem a meros animais, expectadores do que não pode ser mudado.



      Alguns dias atrás aconteceu o perigeu lunar, nome engraçado que é dado para o dia de maior aproximação da lua com a Terra. Isso foi traduzido em uma lua cheia mais brilhante e com tamanho maior do que as pessoas estão acostumadas a ver. O que isso quer dizer? Muitas pessoas na praia para ver esse momento sublime e especial.



      E nada melhor que juntar uns amigos e sentar na beira do mar, esperando a lua surgir imensa no horizonte, como quem não se importa de o sol ainda estar brilhando forte. Não é uma questão só de ver, é também de sentir. Várias pessoas próximas sentindo o mesmo fazem essa sensação ficar mais intensa e mais gostosa.



      Nessa horas é que bate mais forte o desejo de morar em algum lugar mais isolado, sem o barulho e a agitação da cidade. Em qualquer interior mais modesto o céu é mais bonito e pintado de branco. Os bichos conversam mais. Até as plantas emitem seus sons, enquanto o vento e a chuvam acariciam suas copas.



Outro perigeu só daqui a aproximadamente 20 anos. Até lá vão haver muitas outras luas cheias. Pra sempre haverão os amigos.

     

Findo



      Não gosto de finais. Quer dizer, não gosto quando esse final está relacionado a mim. Não posso controlar o mundo nem as pessoas e fazê-las entender que o fim é ruim, então tenho que está preparado para eles. Mas não queria.

      Eu gosto de graça das pessoas a quem tenho apreço. Faço o que faço por elas sem pedir troco. Talvez, por vezes, goste de uns afagos na alma e não acho isso errado. Relações desequilibradas são nocivas para todas as partes. Não quero para mim, não desejo para ninguém.

      Escolhas. Renúncias. Disso é feita a vida. Nem sempre ganhamos, mas quase sempre perdemos alguma coisa. Ou alguém. Não deveria ser assim.

      E se por esses dias fiquei contente por ter retomado contato com alguém que foi importante pra mim, mesmo que por pouco tempo e tudo tenha terminado de forma confusa, por outro lado acabo de perder outra pessoa igualmente importante, com quem compartilhei boa parte da minha vida nos últimos 3 anos (pensando agora me parece que foram bem mais). Não que ela tenha morrido, tomado chá de sumiço ou ido viver num lugar ermo da Terra. Foram escolhas e renúncias.

      Tenho sim tristeza no meu coração, mas essa se desfaz com o tempo. Vão ficar comigo somente as boas lembraças. O sorriso. O sotaque engraçado. Os convites de aniversário mais legais que já recebi (e, pior, tive que recusar). A decepção de nunca ter podido fotografar um dos sorrisos mais bonitos e gostosos que já vi. O cabelo curto aos 23 anos. Nem tão curto aos 24. Do desejo de ver o mar.


      Si, seu lugar ainda tá guardado no meu coração. Espero que você um dia queira-o de volta. Não precisa de esforço. É só mais uma escolha.

PS: Cuida bem do Vinícius, tá?
 
 
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