25 agosto 2010

Sem cor nº2

     
     Somos movidos a sentimentos e cada um deles influencia na nossa percepção do mundo. Imagens, sons, cheiros, gostos e o contato. A cada sensação, um mundo diferente.

      As fotos são registros momentâneos de um determinado mundo e aquilo que quem fotografou tentou captar pode ser muito diferente daquilo que você sentiu ao ver a imagem. Então temos dois pontos de vista: o do fotógrafo e o do observador. Acho que os melhores fotógrafos reúnem os dois somente com o click. A maioria, como eu, precisa utilizar outros meios.

      Poderia jogar várias fotos aqui e pronto, como num álbum, vocês advinhariam o que estou querendo passar com elas. Só que acho que não consigo, então usarei outros meios. Outros sentidos.

      Além de gostar muito de fotografia também sou um apaixonado por música. Na verdade, gosto mais de música que de fotografia. Como sou um péssimo músico frustrado, acredito que minha qualidade como fotógrafo já ultrapassou meu lado músico.

      Então porque não usar uma música para ajudar na minha tentativa de mostrar meu mundo? Levando em conta o que sinto enquanto escrevo esse texto e escolho as fotos, indico Mad world, na versão do Gary Jules. Originalmente gravada pelo grupo Tears for fears, conheci a versão indicada enquanto assistia o filme Donnie Darko. Vale muito a pena vê-lo.

      Espero que não achem que estou triste ou mesmo depressivo. Somente ando pensando em como vejo o mundo. Tanta coisa sem sentido acontecendo. Alegrias e tristezas que não deveriam existir, pois elas surgem sempre da contradição que é esse nosso mundo...

Para quem quiser ouvir a música, é só escutá-la ou baixá-la aqui.

24 agosto 2010

Sem cor nº1

      As cores embelezam, dão vida. Ajudam a sentir algo. Podem realçar sentimentos.


      E o que seria da vida sem cores? Não sei dizer, mas sei que as fotos PeB tem uma característica interessante: dramaticidade.



      A falta de cor realça as formas, as expressões, o volume. Tira o destaque de algo destoante do que está a volta, transformando em parte de um todo.



      Eu, particulamente, acho os retratos mais bonitos quando em P&B, gosto do resultado. Por outro lado não sou muito afeito em fotografar paisagens dessa forma. Porém não deixo de tentar.



 
Poema em preto e branco

Faz-se escuro,
claro ou nem tanto,
se diverte
a vida em preto e branco



As cores se vão
levando os tons.
O gradiente que resta
não alegra a festa
desfaz o som.



Alva seja alegria,
negra seja a dor.

10 julho 2010

Ruas de Ará



      Venho agora, com um grande atraso, concluir a primeira parte (dividida em dois posts) de escritos sobre a minha amada cidade, Aracaju.

      Na anterior falei sobre e fotografei basicamente o cartão-postal daqui, a orla de Atalaia. Agora vou falar de outras partes, de outros mundos e que também fazem essa cidade ser maravilhosa.

      Ainda se preserva aqui bastantes áreas verdes pois a expansão imobiliária predatória aqui é recente. Além de matas naturais, temos os parques da Cidade e da Sementeira. O primeiro abriga aquilo que mais próximo se pode chamar de zoológico, com bastante vegetação de mata atlântica nativa. Foi reformado a pouco, mas como se encontra longe da maior concentração populacional, é pouco visitado. Já o parque da Sementeira fica ao lado de um shopping no bairro mais movimentado. O lugar é super agradável e fica perfeito quando tem apresentações da Orquestra Sinfônica ou shows num domingo de tarde, com direito a pôr do sol embelezando.





      Agora vamos para o centro da cidade, que ainda possui ares de cidade tranquila. Praças arborizadas, a Catedral, um museu recém inaugurado (Palácio Olímpio Campos) e o mercado municipal. Na verdade, MERCADOS, pois são dois: um de hortifrutigranjeiros e outro de artesanato, flores e comidas típicas. É no espaço entre eles que acontecem os festejos do Forrócaju e alguns shows ao longo do ano no projeto Rua da Cultura, que já completou 7 anos. Outro projeto cultural é o Beco dos cocos, que foi recuperado e utilizado como um espaço mais alternativo de arte.





      Falando em arte, pertinho da minha casa fica o Teatro Tobias Barreto, que mudou a forma comos os aracajuanos enxergam espetáculos mais elaborados. Música clássica, ballets, peças teatrais, shows. Tudo com o maior conforto possível e quase sempre a preços módicos. =D



      O Centro da cidade também tem um fato curioso. A disposição das suas ruas são como as linhas do tabuleiro de xadrez, fazendo com que todos os quarteirões originalmente fossem simétricos. Como a topografia da cidade é quase toda plana, da pra ver praticamente onde a rua começa e onde termina.

      Não quero, com isso, esgotar as histórias e as fotos da cidade, mas acho que pra um aperitivo, tá bom.

Música do Paulo Lobo, Ruas de Ará




Nossa cidade, cenário da ponte
Entre o houvera e o haverá
Tem gente que é terra
Tem gente do mangue
Todo dia nas ruas de Ará



Tem velho safado
Tem beiju molhado
Tem deputado marajá


Tem rico que é pobre
Tem preto que é nobre
Todo dia nas ruas de Ará



Ará Cajueiro Aracajuá
Dança guerreiro
Ruas de Ará
Senhora de idade
Vem da Soledade
Um moço que vai trabalhar
Dondoca doideca
Doutor de traveca
Todos os dias nas ruas de Ará



Tem gente bacana
Tem falsa baiana
Boçal, tem vagal, tem paxá
Na nossa cidade
Mentira e verdade
Todo dia nas ruas de Ará

09 maio 2010

Mirando as ondas do mar...

     Aracaju é linda. Capital do estado de Sergipe a partir de 1855, foi a primeira capital brasileira planejada. Os ruas do centro antigo da cidade são dispostas como as linhas de um tabuleiro de xadrez, de forma que é fácil se locomover por lá. Como era de se esperar, com o crescimento a cidade não continuou assim tão arrumadinha, mas ainda preserva muito dos seus encantos.


      Com uma população em torno de 600 mil habitantes, ainda não é considerada uma cidade grande, porém já pode se dizer madura. Seus recém completados 155 anos, no dia 17 de março passado, podem ser mais facilmente reconhecidos nos casarões do centro, com uma arquitetura predominantemente barroca. Como era de se esperar, algumas coisas foram inseridas nesse contexto, como o edifício Estado de Sergipe (o maior da cidade), popularmente conhecido como Maria Feliciana (em homenagem da sergipana que foi considerada por muito tempo a mulher mais alta do mundo).

      Considerada a capital com a melhor qualidade de vida, Aracaju tem hoje atrativos que não se resumem às praias. Ué, se você fala isso, porque só tem foto da orla nessa postagem? Porque ainda vai vir pelo menos mais uma falando sobre o resto da cidade. =D



      Aqui fica também um dos mais procurados destinos de diversão da cidade. Com bares, restaurantes, parque infantil e até pista de patinação aberta, de quinta a domingo costuma ser bem movimentada.


      A praia aqui é areia branca e mar escuro. A faixa de terra até chegar na água é variável entre o distante e o não-vai-chegar-nunca, o que trás ao menos uma vantagem: não falta lugar pra quem quer ir. Em alguns trechos temos bares, noutros somente água, areia e céu. Ainda é bastante seguro ir à praia, seja pra tomar banho, seja para caminhar.





E pra completar, mais algumas fotos e uma música feita pra praia de Atalaia. Até a próxima.


"Lá vem o dia despertando a natureza
Vou seguindo a correnteza na incerteza de chegar


Dia após dia noite e dia sem cessar
Tanta dor tanta agonia eu aqui não vou não ficar


Eu quero o cheiro das manhãs da minha terra
Ver o sol nascer na serra e o vento norte a soprar



Eu quero mesmo é ficar bem juntinho dela
Na praia de Atalaia mirando as ondas do mar

Mirando as ondas do mar
Mirando as ondas do mar"

04 maio 2010

Goiânia e o estilo Art Déco

Com mais de um milhão de habitantes, Goiânia foi fundada em 1933 para substituir a antiga capital do Estado. Inspirado nas cidades-jardins do urbanista Ebenezer Howard, o projeto arquitetônico de Goiânia se destaca pelo uso de formas geométricas, sendo um grande acervo de construções do estilo denominado "Art Déco".

O Art Déco surgiu num momento de efervescência cultural, provocando profundas alterações e atingindo questões políticas, econômicas, culturais, filosóficas, artísticas e, principalmente comportamentais. Na arquitetura é regido pela geometria e predominância de linhas verticais, uma verdadeira aproximação ao estilo cubista. Seria interessante pensar em um debate sobre o tradicional e o novo? O funcional e o ornamento puro? Depuração e exagero?

Procurando sobre o assunto, encontrei duas explicação para essa escolha em Goiânia. Dentre os moldes considerados ideais, essa arquitetura simbolizava o modelo utilizado pelo Presidente da República Getúlio Vargas na representação de seu governo. Em outra visão, a opção feita pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima, se deu em virtude da precariedade financeira do Estado, e o estilo possibilitaria o efeito de monumentalidade sem a necessidade de utilização de materiais nobres ou exageros decorativos.

Pessoalmente, acho todo o patrimônio de Art Déco em Goiânia muito bonito. Apesar de “muito bonito” ser um argumento “muito pobre” para explicá-lo. Nunca aprendi algo relevante sobre o assunto “na escola”, não aprendi sobre sua origem, importância ou "desimportância". Como eu gostaria que fosse mais valorizado?

Arquivo pessoal Sibelle Paes em maio de 2010.

Coreto em Art Déco, localizado na Praça Cívica em Goiânia.


“as paisagens têm o poder de rematerializar um modelo dominante de relações sociais e culturais. [...] a paisagem não é apenas um tipo particular de expressão cultural da realidade, mas um meio de reforçar uma ideologia dominante em uma determinada sociedade.” Matthew Gandy.



Ps: Thito, eu sei que o texto ficou "longão", mas gyn não tem praia. =*

17 abril 2010

Enquanto as cortinas não abrem

Arquivo pessoal Sibelle Paes em maio de 2005
Antes de qualquer coisa vou agradecer ao Thito por ter tido a ideia do blog, implementado e principalmente não ter desistido - de mim. A vida corre rápido e muitas vezes não consigo alcançá-la. Fotografia é uma maneira de pegá-la de jeito. Um clique e temos algo para sempre. Raridade, convenhamos.

Estudei Comunicação Social com habilitação Publicidade e Propaganda. Fiz matérias relacionadas à imagem e fotografia - minhas piores notas. Não consegui focar. Com os teóricos, principalmente Barthes e Dubois eu briguei (fiquei de mal), com a prática eu sofri. Incontáveis dificuldades para entender as possibilidades de composição. A máquina analógica era uma praga na minha mão e o primeiro contato com os famosos diafragma e obturador foi um desastre. Além das dificuldades durante a revelação dos filmes (quero contar detalhes).

Mas, ao contrário do que eu previa o interesse apenas cresceu e tudo ficou mais fácil com avanço das câmeras digitais. O hobbie surgiu em 2005 junto com a minha conta no flickr. Sempre tirei fotos pra mim. Nunca houve expectativas, mas gosto da minha definição por lá.

Os melhores presentes que já ganhei foram por causa da fotografia. Acontece, em geral, quando um amigo me liga durante uma viagem e diz assim: "Si, você iria adorar tirar fotos aqui" ou "Si, eu estou vendo uma foto sua aqui. Daquele ângulo, sabe?." Provavelmente eu adoraria tirar fotos no lugar, mas gosto de pensar que fiz a pessoa enxergar a fotografia de outro jeito.

Luz, câmera...

      ... e um blog!!! Quase como um parto a fórceps, depois de um bom tempo de conversa e negociação, consegui convencer alguém a dividir um blog de fotografias comigo. Desejo antigo, mas que precisava de uma momento oportuno para começar a ser realizado, acho que agora a coisa vai. Amém.

      A idéia aqui é bem flexivel, o importante mesmo é que tenha foto. Porém não será qualquer foto. Fotos autorais, feitas pelos pretensos fotógrafos que postarão nesse blog. A dinâmica de publicação ainda não foi definida, então podemos receber sugestões e temas de quem comentar. Sintam-se a vontade.

      Agora falando de mim: tem um pouco de mim na definição do meu perfil do Blogger, só que acredito que eu sou mais do que aquilo. Kkkkk. Brinco com câmeras fotográficas desde criança e passei a me preocupar mais com o que registro no dia que comprei minha primeira câmera digital. Isso foi em agosto de 2006, no dia de uma viagem pro Recife. De lá pra cá foram um total de 5 Canons (da A610 até a atual XSi), entre compradas, vendidas e roubadas. Minha única formação teórica sobre fotografia foi uma matéria que peguei na universidade, que nem do meu curso era. O resto é uma mistura de dedicação e curiosidade. Talvez um pouco de talento.

      Ainda tem minha parceira (ou seria comparsa??) Sibelle, mas ela fará sua própria apresentação, não é? Ah, só queria deixar aqui registrado que tenho outro blog, A vida em algumas linhas que tem um caráter mais pessoal. Até mais e que tenhamos boas fotos. =D


PS: Essa primeira postagem minha não vai ter foto. Rá!
 
 
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